Começa o dia para o
senhor de engenho. Em um dos numerosos quartos da casa-grande, ele acorda,
veste-se e vai fazer a primeira refeição do dia. A chegar à ampla sala, já
estão sua mulher e seus filhos. A mobília é muito simples, mas os enfeites e as
porcelanas são importados da Europa. A mesa está posta com pão, leite, doces e
frutas. A família não tem o trabalho nem de servir. Afinal, as escravas estão
aí para isso.
Terminada a refeição,
enquanto sua mulher cuida do bom andamento da casa, dando ordens para os
escravos domésticos, o senhor de engenho vai percorrer a propriedade para
verificar o andamento do trabalho. É época de colheita da cana e há muita coisa
a fazer.
Do feitor, ele quer
saber se tudo está correndo bem nas plantações, se os escravos estão
respeitando as ordens ou se cometeram alguma falta. Em seguida, o senhor de
engenho vai verificar um carregamento de cana-de-açúcar que chegou de uma
fazenda próxima da sua. Esse fazendeiro, seu vizinho, só tem as plantações de
cana e depende das instalações de seu engenho para beneficiá-las. Isso lhe dará
um bom lucro.
Próximo ao meio-dia,
depois de conversar como mestre do açúcar o senhor volta à casa grande, onde
toda sua família, e alguns vizinhos aguardam para almoçar. Na mesa há muita
comida feita pelos escravos: arroz, feijão, farofa de mandioca, peixe salgado,
frutas e doces. O capelão da fazenda faz uma oração de agradecimento e todos
começam a comer. Terminado o almoço, o senhor de engenho conversa com alguns
amigos e vai descansar, deitando-se numa rede na varanda de sua casa. Enquanto
isso, sua mulher borda e costura junto com algumas escravas e seus filhos tem
aulas com o capelão.
No final da tarde, a
família vai para a capela rezar. Depois do jantar, todos ouvem musica tocada ao
piano pela filha mais velha e vão dormir em suas camas de madeira, cobertas com
tecidos adamascados.
Nem bem clareou o dia
o feitor já está na frente da senzala esperando os escravos para levá-los ao
local de trabalho. Também acordam muito cedo os escravos que trabalham na casa
grande e dorme lá mesmo, em cubículos
nos porões. Podem comer mais e suas roupas são um pouco melhores, mas não usam
nenhum calçado. Alguns escravos recolhem lenha pra acender o fogo. A cozinheira
e algumas ajudantes preparam a refeição da família do senhor de engenho.
As mucamas ajudam a
senhora e seus filhos a se vestirem e pentearem o cabelo. Enquanto isso, a ama
de leite amamenta o filhinho dos senhores, que tem apenas alguns meses de vida
e certamente está sentindo muita saudade de seu filho recém nascido que ficou
na senzala aos cuidados de outra escrava.
Por volta das onze
horas os escravos interrompem o trabalho na lavoura e o beneficiamento e vão
fazer uma refeição, que consiste em feijão e farinha de mandioca. Devem estar
pensando como é bom quando há banquete na casa grande. Recebem os restos de
comida e no feijão são misturados os pés, o rabo e a orelha do porco. Essas
partes são consideradas ruins pelo senhor.
Depois de comerem os
escravos reiniciam imediatamente o trabalho. Após completarem uma jornada de
mais de 15 horas, quase todos são reunidos pelo feitor. Alguns escravos ainda
ficam trabalhando na fabricação do açúcar. Em certas épocas do ano a cana é
moída sem interrupções.
Esses escravos tem
muito medo, pois, apesar de exaustos, devem ficar acordados. Se sentirem sono
podem sofrer graves acidentes. Os escravos que seguem de volta a senzala
mostram em seu rosto uma profunda tristeza. Antes de serem recolhidos deverão
assistira ao castigo de um escravo de apenas quinze anos de idade. Ele tentou
fugir, mas foi apanhado e agora está amarrado ao tronco para ser chicoteado.
Seu rosto também será marcado com ferro em brasa com a letra “F” de fujão, tudo
terminado a porta da senzala se fecha. Os escravos vão dormir amontoados no
chão frio e úmido.
Responda:
1 – Qual era a rotina diária:
A
– do senhor de engenho?
B
– da mulher do senhor de engenho?
C
– do feitor?
2 – No engenho a maioria dos escravos
trabalhava nas plantações e na fabricação do açúcar. Somente alguns eram
encarregados nas tarefas da casa grande.
A
– havia diferença de tratamento entre os escravos da lavoura e dos domésticos?
B
– Como era a rotina diária dos escravos que trabalhavam na lavoura e na
fabricação de açúcar?
3 – Que comida típica brasileira originou-se
da mistura do feijão com algumas partes do porco que eram consideradas ruins
pelo senhor de engenho?
4 – Analise e escreva o que você entende destas
afirmações: “Na sociedade colonial, o
escravo era tratado como objeto, e não como ser humano” e “A vida no engenho era doce para o senhor e
amarga para o escravo”
Por Profº Letícia Roxo
Nenhum comentário:
Postar um comentário