Humilhação!
Essa é a palavra correta. Nunca na minha trajetória no magistério gaúcho me
senti tão humilhada como profissional. Sempre me disseram faça o teu melhor,
planeje, nunca pare de estudar, trate teus alunos com amor e tenha um olhar
diferenciado. Não seja preconceituosa, machista, homofóbica, misógina. E
eu busco fazer o meu melhor. Mas não é porque trabalho com amor, porque gosto
do que faço que meu trabalho é voluntariado como quer a primeira dama e seu
marido golpista.
Como todo trabalhador tenho o direito de receber integralmente. Me sinto péssima por não
poder saldar as minha dívidas, por negar TUDO a minha filha, por não ser capaz
de colocar um prato de comida a mesa, por perder meu direito de ir e vir, por
simplesmente, ter certeza q antes, quando recebíamos integralmente,
sobrevivíamos com o salário miserável. Mas e hoje? Isso não é sobreviver! É
passar 24h preocupada em como será amanhã? Estamos ficando doentes, morrendo de
desgosto, tristeza, apatia e inércia.
A esperança sempre foi a responsável por seguirmos em frente.
E quando não existe mais esperança? Quando vemos que não vamos aguentar por mais muito
tempo? Me recordo das leituras e aulas sobre alienação e mais-valia de Marx. Percebo que o
capitalismo, com todas suas desigualdades e meritocracias ele se renova e
renasce com o “aval” do trabalhador.
Mas como pode? A alienação para Marx é
uma condição onde o trabalho não é libertador, pelo contrário, escraviza e é
desumano, pois condiciona o homem pelo seu poder de acumular e consumir. E
conforme a produção se moderniza mais afastado fica o homem daquilo que ele
mesmo produz. Não percebendo sua atuação, seu trabalho no produto final, muitas
vezes, não sendo capaz economicamente de possuir o fruto de seu trabalho.
Mas e nós da educação? Não
conseguimos nos ver no produto final do nosso trabalho? Muitos, infelizmente
não, pois já estão tão alienados e escravizados pelo sistema neoliberal de
produção, de metas, meritocracia, resultados que esquecemos do nosso papel de
construir o conhecimento, ou o que é pior, para que finalidade construímos o
conhecimento com nossos alunos. È uma condição desumana para, quase toda a
sociedade, profissionais da educação, alunos, comunidades escolares que
dependem de uma educação pública, de qualidade
e libertadora desse molde alienante, mas para o governo é útil. O que
nos falta é
formação aos professores, eles não sabem o que é pensar coletivamente, não
sabem o que é autonomia, não sabem o que é cidadania, por isso fica difícil que
mude alguma pois todos ficam esperando
que a solução aconteça por vontade divina. O professor não se reconhece como
trabalhador social.
A
precarização dos serviços públicos, o desmonte do estado vem ao encontro dos
objetivos desses governos e onde o parcelamento de salários ou até mesmo o não
pagamento deste, falta de investimentos em educação, saúde e segurança, legitima as práticas de privatizações.
Hoje,
vivemos num Estado que está levando ao auge esse projeto de desmonte. E
desculpe-me o trocadilho, desmontado com a vida do funcionalismo por falta de
salários e tudo o que isso acarreta como da sociedade como um todo pela falta
de serviços. Vejo a maioria alienados, afastados da realidade e preocupados
apenas com seus dramas pessoais. Mas o drama é coletivo, o caos é todos.
Meus amigos, lamento
informar, aqueles tempos trevosos, o qual falamos a todo momento para o
futuro já chegaram, se instalaram e
estão nos dizimando. Ou nos unimos e lutamos ou vamos seguir derrotados e
morrendo a míngua com o neoliberalismo da atualidade.
Por Profº Letícia Roxo
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