Governo Eurico Gaspar
Dutra ( 1946 - 1950 )
O
governo Dutra foi marcado, internamente, pela promulgação da nova Carta
Constitucional, em 18 de setembro de 1946. De caráter liberal e democrático, a
Constituição de 1946 iria reger a vida do país por mais duas décadas.
Veja a seguir
algumas de suas determinações:
Restaurou o
cargo de vice-presidente da República.
Instituiu
mandato presidencial de cinco anos.
Reestabeleceu
parte da autonomia dos Estados e municípios (embora permitisse intervenção do
governo federal em questões econômicas e sociais).
Reestabeleceu
a República Federativa Presidencialista.
Determinou a
separação e harmonia entre os poderes ( o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário seriam independentes e funcionariam em equilíbrio).
O Governo De Getúlio Vargas (1951 - 1954)
Com
Getúlio à frente da política nacional, a ideologia nacionalista,
intervencionista e paternalista ganhou novo impulso. O presidente procurou
restringir as importações, limitar os investimentos estrangeiros no País, bem
como impedir a remessa de lucros de empresas estrangeiras aqui instaladas, para
seus países de origem. Em 1952, criou o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE), a fim de incentivar a indústria nacional. Criou a Petrobrás,
empresa estatal que detinha o monopólio de exploração e refino do petróleo no
Brasil. A criação dessa empresa resultou da mobilização popular com base numa
campanha denominada "O petróleo é nosso!" No plano trabalhista,
procurou compensar os trabalhadores, grandemente afetados pelo processo
inflacionário, dobrando o valor do salário mínimo, a 1° de maio de 1954. Com
isso, conquistou o apoio da classe trabalhadora. A política estatizante, de
cunho nacionalista, acionada por Vargas, desencadeou a franca oposição de muitos
empresários ligados às empresas estrangeiras. A estes aliaram-se
antigetulistas tradicionais, como os membros da UDN e alguns oficiais das
Forças Armadas. As mais duras críticas ao Governo partiam do udenista Carlos
Lacerda, que acusava Vargas de estar tramando um golpe que estabelecia uma
República sindicalista, o que, na opinião de Lacerda, propiciaria a
infiltração comunista. Em 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um
atentado, no qual morreu o major Rubens Vaz. Descobriu-se, posteriormente, que
amigos do presidente estavam envolvidos no caso, dando à oposição elementos
para exigir sua renúncia. Consciente de sua deposição em breve, Vargas surpreendeu
seus inimigos e a nação, suicidando-se, em 24 de agosto de 1954. Com a notícia
de sua morte e a publicação de sua carta testamento, organizaram-se
manifestações populares por todo o País. Jornais antigetulistas foram
invadidos, bem como as sedes da UDN e a embaixada dos Estados Unidos, no Rio de
Janeiro
Carta-Testamento
Mais
uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se
desencadeiam sobre mim. Não me acusam, me insultam; não me combatem, caluniam e
não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha
ação, para que eu não continue a defender como sempre defendi, o povo e
principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios
de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais,
fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e
instaurei o regime de liberdade social. Tive que renunciar. Voltei ao governo
nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à
dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei
de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão
do salário-mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na
potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás, mal começa esta a
funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o
desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não querem que o povo seja
independente.
Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício nos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício nos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Carta-Despedida
Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte. Levo o pesar de não haver podido fazer, por
este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados,
todo o bem que pretendia. A mentira, a
calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de
rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e
escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não me defenderam nas
posições que ocupavam, a felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei
com honras e mercês e a insensibilidade moral de sicários que entreguei à
Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do
país contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui elevado
pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da
Pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para,
com mais fúria, perseguirem-me e humilharem. Querem destruir-me a qualquer
preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho
e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não de crimes que não cometi,
mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios
interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos
humildes. Só Deus sabe das minhas
amarguras e sofrimentos. Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira
dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe trouxeram-me o conforto de
sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde...
Era JK (1956 – 1961)
-
Plano de Metas
-
Valorização da Indústria de Bens de consumo duráveis, construção, energia,
estradas.
-
5% das Metas destinadas a saúde, educação e alimentação.
-
Construção de Brasília
-
Entrada absurda do Capital estrangeiro
-
Triplicação da dívida externa
O
governo de Juscelino
Kubitschek (1956-1961) é considerado por
alguns como sendo o melhor que o Brasil
já teve. Sua eleição foi marcada pelo reclame "Cinqüenta anos em
cinco", conhecido também como desenvolvimentismo, já que o ideal
era trazer ao Brasil
o desenvolvimento econômico e social. Segundo JK, se com outros governantes
este processo levaria cinqüenta anos, com ele levaria apenas cinco. Trouxe
diversas empresas estrangeiras para o país, entre elas, as automobilísticas, já
que ele queria incentivar o comércio de carros, além de televisões e outros
bens de consumo. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia a
americana. Na teoria era um projeto muito bom, mas na prática não foi tanto, a
começar pelo fato de que Juscelino propôs (e fez) empréstimos junto a centros
financeiros americanos, endividando o Brasil.
Porém,
uma obra que ajudou a desenvolver especialmente a região Centro-Oeste
foi a locomoção da capital do Rio de Janeiro para Brasília.
- Jânio Quadros (1961)
-
Ligação com a UDN
-
Política externa independente
-
Condecorações de Yuri Gagarin e Che Guevara.
-
Renúncia arquitetada – ideologia golpista
-
Processo aceito / ação militar para evitar a posse do vice João Goulart
-
Campanha da Legalidade (Leonel Brizola)
No
seu curto período de governo, Jânio Quadros:
Criou
uma nova política internacional, a política externa independente (PEI),
visando estabelecer relações com todos os povos, particularmente os da área
socialista e da África. Restabeleceu relações diplomáticas e comerciais com a
URSS e a China. Nomeou o primeiro embaixador negro da história do Brasil.
Defendeu
a política de autodeterminação dos povos, condenando as intervenções
estrangeiras. Deu a Che Guevara uma alta condecoração, o que irritou seus aliados, sobretudo os da UDN.
Finalmente,
proibiu o biquíni
na transmissão televisada dos concursos de miss, proibiu as rinhas de
galo, o lança-perfume
em bailes de carnaval
e regulamentou o jogo carteado. Por hilárias que possam ter parecido essas
medidas na ocasião, mais de 45 anos depois, passados mais de dez presidentes
pela cadeira que foi sua, todas essas leis editadas por Jânio ainda continuam
em vigor.
- Governo João
Goulart
-
Instituição do regime Parlamentarista (1961 – 63)
-
Jogo manipulativo militar
-
Força da figura do Primeiro Ministro
-
Plebiscito
-
Volta do Presidencialismo
-
Reformas de Base
-
Plano Trienal
-
Marcha da Família com Deus pela Liberdade
-
Reforma Constitucional, econômica, agrária e educacional.
-
Golpe Militar
Após
13 dias de suspense, nos quais o país ficou à beira da Guerra civil entre os
que queriam a sua posse e os militares contrários, em favor da posse de
João Goulart e o movimento culminou com a resistência organizada, no estado do
Rio Grande do Sul, por seu cunhado, o governador Leonel Brizola Jango
finalmente assumiu o poder em regime parlamentarista. Um plebiscito
decretou a volta do presidencialismo. João Goulart começou a defender, com
apoio das camadas populares e de alguns outros setores, as chamadas reformas de
base (agrária, fiscal, política e universitária), visando à modernização das
estruturas políticas, econômicas e sociais e a solucionar os problemas da
inflação e do pauperismo.
Contudo,
a agitação resultante do confronto ideológico entre esquerda e direita, as
greves sucessivas, a corrupção administrativa, a desconfiança na boa-fé do
chefe do governo e o estímulo à indisciplina nos baixos escalões das forças
armadas levaram amplos setores militares e das classes conservadoras, bem como
a maioria do Congresso, a tomar posição contra o presidente. Com a vitória do
movimento militar de 1964, João Goulart foi deposto e teve os direitos
políticos suspensos
A Campanha da Legalidade foi um movimento popular e militar, ocorrido no Rio
Grande do Sul. O movimento se deu em função da renúncia do então Presidente da
República, Jânio Quadros, e o não cumprimento da lei que previa que, em caso de
renúncia, o vice-presidente deveria assumir. João Goulart era o Vice-Presidente
e estava em viagem à China, país de regime comunista, contra o qual as forças
conservadoras se opunham, e foi vetado pelos ministros militares, assumindo o
cargo o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzini (PSD). Leonel
Brizola, que naquele momento era o Governador do Estado do Rio Grande do Sul,
reage não aceitando o golpe dos militares. A partir daí estava deflagrado o
movimento que ficou conhecido como a Campanha da Legalidade. A Brigada Militar
é acionada, porque começa uma grande concentração de pessoas em frente ao
Palácio Piratini, na Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre. O Governador
Brizola fala pelo rádio, denuncia o golpe contra Jango e pede para que a
população se mobilize. Em retaliação, o Ministério da Guerra manda desligar
todas as emissoras de rádio da cidade. Brizola, porém, com sua visão revolucionária
e nacionalista, acreditando na força do rádio como um meio de aproximação com o
povo, pensando na necessidade que a população teria de acompanhar o decorrer
dos acontecimentos, requisitou a Rádio Guaíba, que liderava uma rede de 104
emissoras no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ordenou que os
transmissores da Rádio Guaíba fossem transferidos para os porões do Palácio
Piratini, formando a Cadeia da Legalidade. Com toda a precariedade das linhas
telefônicas da época, o Governador falava com a população e lançava ao ar suas
mensagens e discursos. A Cadeia da Legalidade conclama a todos que lutem pelo
cumprimento da Constituição, tanto na capital como no interior do Estado, e
armas são distribuídas para a população e passam a ser organizados comitês pela
legalidade. São centenas de voluntários, o alistamento é feito nas esquinas,
calçadas e teve o apoio do III Exército, dos estudantes, intelectuais, artistas
e partidos políticos. As Forças Armadas se dividem, bancos são fechados, as
aulas são suspensas, sindicatos de trabalhadores se manifestam e exigem o
cumprimento da legislação. Enfim, a sociedade como um todo se mobiliza, numa
verdadeira festa cívica em defesa da ordem jurídica e do regime democrático.
Durante os dez dias da Campanha da Legalidade, o Governador Leonel Brizola
recebeu 90 mil mensagens de apoio. Quando João Goulart (Jango) chega a Porto
Alegre, no dia 1.º de setembro, tem uma multidão em frente ao Palácio Piratini
aguardando por ele, que, sabendo de toda a situação, se cala. Sua posse é
adiada para dar tempo ao Congresso Nacional, que vota, às pressas, uma Emenda
Constitucional, a qual institui o sistema parlamentarista de governo, retirando
os poderes do Presidente. Jango era um
homem pacifico e não deixou que houvesse confronto. Concordou em assumir a
Presidência com Tancredo Neves, num sistema parlamentarista sendo
prevista a realização de um plebiscito, para consultar a opinião da população.
O resultado do plebiscito, em 1963, foi a escolha do regime presidencialista e
o governo de Jango terminou em 31 de março de 1964, com o Golpe Militar, que as
forças conservadoras chamam de Revolução. Mas o que fica como lição de
cidadania, de luta pela democracia, pela observância da legislação, neste
momento histórico que vivemos, em que inúmeras vezes a Constituição Brasileira
não é cumprida, em que a participação popular soa como algo pejorativo e sem
sentido, pensamos no significado da Campanha da Legalidade e na liderança de
Leonel Brizola, para que os seus ideais não desapareçam e que sua experiência
como grande político venha a ser imitada pelas futuras gerações.
Por Profº Letícia Roxo
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